PRIMEIRO LIVRO
Começa a “recordação pela qual a alma aspira a” dos feitos e palavras de nosso pai São Francisco
Capítulo 17 – Como pediu o senhor de Óstia como representante do papa
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1 Por isso o homem de Deus foi a Roma, onde foi recebido com muita devoção pelo Papa Honório e por todos os cardeais.
2 Na verdade, o que fora perfumado pela fama refulgia na vida, ressoava na língua: diante disso não havia lugar para deixar de ter devoção.
3 Pregou diante do papa e dos cardeais com inspiração e fervor, transbordando plenamente tudo que o espírito lhe sugeria.
4 À sua palavra comoveram-se os montes e, puxando altos suspiros de suas entranhas, lavaram o homem interior em lágrimas.
5 Terminada a pregação, depois de breve e familiar conversa com o Senhor Papa, dirigiu-lhe o seguinte pedido: “Senhor, como sabeis, não é fácil o acesso dos pobres e dos desprezados a tão sublime majestade.
6 Pois tendes o mundo nas mãos, e os negócios importantíssimos não permitem que cuideis das coisas de importância mínima.
7 Por isso, Senhor, peço que Vossa Santidade queira conceder-nos como papa o senhor de Óstia, para que, sempre salva a dignidade de vossa preeminência, os frades possam recorrer a ele no tempo de necessidade, conseguindo tanto o benefício do amparo como o da orientação”.
8 Tão santo pedido foi agradável diante dos olhos do papa, e logo colocou o Senhor Hugolino, então bispo de Óstia, à frente da Ordem, como pedira o homem de Deus.
9 O santo cardeal acolheu com carinho o rebanho que lhe foi confiado e, feito seu zeloso pai, foi pastor e irmão até sua bem-aventurada morte.
10 A essa prerrogativa de especial submissão devemos o amor e cuidado que a santa Igreja de Roma nunca deixa de manifestar para com a Ordem dos Menores.
Aqui termina a primeira parte