Segunda Vida de São Francisco – Tomás de Celano.

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PRIMEIRO LIVRO
Começa a “recordação pela qual a alma aspira a” dos feitos e palavras de nosso pai São Francisco

Capítulo 17 – Como pediu o senhor de Óstia como representante do papa

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1 Por isso o homem de Deus foi a Roma, onde foi recebido com muita devoção pelo Papa Honório e por todos os cardeais.
2 Na verdade, o que fora perfumado pela fama refulgia na vida, ressoava na língua: diante disso não havia lugar para deixar de ter devoção.
3 Pregou diante do papa e dos cardeais com inspiração e fervor, transbordando plenamente tudo que o espírito lhe sugeria.
4 À sua palavra comoveram-se os montes e, puxando altos suspiros de suas entranhas, lavaram o homem interior em lágrimas.
5 Terminada a pregação, depois de breve e familiar conversa com o Senhor Papa, dirigiu-lhe o seguinte pedido: “Senhor, como sabeis, não é fácil o acesso dos pobres e dos desprezados a tão sublime majestade.
6 Pois tendes o mundo nas mãos, e os negócios importantíssimos não permitem que cuideis das coisas de importância mínima.
7 Por isso, Senhor, peço que Vossa Santidade queira conceder-nos como papa o senhor de Óstia, para que, sempre salva a dignidade de vossa preeminência, os frades possam recorrer a ele no tempo de necessidade, conseguindo tanto o benefício do amparo como o da orientação”.
8 Tão santo pedido foi agradável diante dos olhos do papa, e logo colocou o Senhor Hugolino, então bispo de Óstia, à frente da Ordem, como pedira o homem de Deus.
9 O santo cardeal acolheu com carinho o rebanho que lhe foi confiado e, feito seu zeloso pai, foi pastor e irmão até sua bem-aventurada morte.
10 A essa prerrogativa de especial submissão devemos o amor e cuidado que a santa Igreja de Roma nunca deixa de manifestar para com a Ordem dos Menores.
Aqui termina a primeira parte

Evangelho – Jo 10,22-30

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Evangelho+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João
Celebrava-se, em Jerusalém, a festa da Dedicação do Templo. Era inverno. Jesus passeava pelo Templo, no pórtico de Salomão. Os judeus rodeavam-no e disseram: ‘Até quando nos deixarás em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos abertamente.’ Jesus respondeu: ‘Já vo-lo disse, mas vós não acreditais. As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim; vós, porém, não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão. Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. Eu e o Pai somos um.’
Palavra da Salvação.

Bem-aventurado Luquésio de Poggibonsi

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Santo do diaO Val d’Elsa, então território florentino, foi a terra natal de Luquésio ou Lúcio, o primeiro terceiro franciscano. Passou a sua juventude mergulhado em interesses mundanos, especialmente na política e na procura de riquezas. Tornou-se tão impopular com seu violento partidarismo em prol da causa dos guelfos, que achou mais prudente sair de Gaggiano, sua terra natal, e estabelecer-se em Poggibonsi, onde continuou seus negócios como fornecedor de mantimentos e prestamista.
Entre 30 e 40 anos de idade, sobreveio uma mudança em sua vida, em parte como conseqüência da morte de seus filhos. Seu coração foi tocado pela graça divina, e ele começou a ter interesse pelas obras de caridade, como a assistência e o cuidado dos enfermos e a visita às prisões. Renunciou inclusive a todos os seus bens em favor dos pobres, com exceção de um pedaço de terra que resolveu cultivar com suas próprias mãos.
Pouco tempo depois São Francisco de Assis foi a Poggibonsi. O santo vinha considerando já algum tempo a necessidade de criar uma associação para pessoas que desejassem viver a vida religiosa no mundo, mas, como se narra, Luquésio e sua mulher Bonadonna foram, na verdade, o primeiro homem e a primeira mulher a receber das mãos do Seráfico Pai o hábito e o cordão da Ordem Terceira. A partir daquele momento os dois se entregaram a uma vida de penitência e de caridade. Algumas vezes Luquésio chegava ao ponto de dar aos pobres até mesmo qualquer resto de comida que houvesse em casa. No começo Bonadonna reclamava, porque ela não se alçara de imediato a uma confiança tão perfeita na Providência divina como o marido, mas a experiência depois lhe ensinou que Deus não deixa faltar o pão quotidiano a seus servos fiéis.
Seu marido alcançou um alto grau de santidade e foi favorecido com êxtases e com o dom de curar. Quando se tornou evidente que ele já não tinha muito tempo para viver, sua mulher lhe suplicou que ele esperasse um pouquinho por ela, para que ela, que tinha partilhado de seus sofrimentos aqui na terra, pudesse também tomar parte em sua felicidade no céu. Seu desejo foi atendido, e ela morreu pouco antes de seu marido ir receber sua recompensa eterna. O culto do Beato Luquésio foi confirmado em 1694.
Embora, ao que parece, a vida do Beato Luquésio tenha sido escrita por um contemporâneo, infelizmente não chegou até nós, e nós dependemos daquela que foi compilada por Frei Bartolomeu Tolomeí, um século depois, e publicada em “Acta Sanctorum”, abril, voI. lII. Note-se que esse texto jamais afirma claramente que Luquésio e sua mulher tenham sido os primeiros a receber o hábito como terceiros; ele sugere, antes, o contrário. Vejam-se também F. van den Borne, Die Anfiinge des Franziskanischen Dritten Ordens (1925), e Léon, Auréole séraphique (trad. para o inglês), vol. II, p. 131·137.

Bem-aventurado Luquésio de Poggibonsi, rogai por nós!