Seja grato e beije docemente a mão de Deus. É sempre a mão de um pai que pune porque lhe quer bem.
Aqui no Brasil, a “Lei da Palmada” como ficou conhecida, trouxe muita polêmica e discussão. O projeto de lei que visava proibir o uso de castigos físicos ou tratamentos cruéis ou degradantes na educação de crianças e adolescentes foi ridicularizado pela mídia. Claro que ninguém deve ser em hipótese alguma tratado com castigos físicos, isso é tortura! Ninguém merece receber tratamentos cruéis, mas por outro lado o Estado também não tem o direito de interferir no modo como os pais educam seus filhos. Qualquer tipo de agressão deve ser punida conforme a lei, mas uma palmadinha no bumbum nunca fez mal a ninguém.
Eu apanhei quando criança, meus pais apanharam, meus avós apanharam. Salvos alguns abusos que sempre acontecem, na maioria dos casos foram apenas uns tapinhas corretivos.
Meu filho já está com quase catorze anos e nunca dei uma surra nele. Mas me lembro de vez ou outra ter dado uma palmadinha para corrigi-lo. E você que é pai, que é mãe, sabe o quanto isso dói em nós, não é mesmo? Muitas vezes essa palmadinha dói muito mais nos pais do que nos filhos. Muitas vezes após passar um corretivo nos filhos, nos trancamos no quarto para chorar. Então será que os pais gostam de punir? Gostam de dar uns tapas? Gostam de castigar? Gostam de ser rudes e falar alto com os filhos? Claro que não! Já disse e repito: Isso dói bem mais em nós. Mas se não gostamos, por que fazemos?
Fazemos porque amamos.
Mais vale um tapinha hoje em casa, do pai ou da mãe do que uma surra da polícia. Mais vale aprender em casa do que deixar que o mundo ensine, que a sociedade molde, pois o mundo lá fora é dureza.
Quando seu filho fala um pouco mais alto com você, você já o repreende. Já diz pra ele baixar a bola não é mesmo? Já mostra que ele tem que ter respeito com você, pois você não é qualquer um, você é o pai, a mãe dele e com você o buraco é mais embaixo. Ele tem que aprender. Aprender a respeitar a autoridade constituída, respeitar as leis, respeitar os mais velhos. E isso começa em casa. Estende-se também à escola. Respeitando os professores, os orientadores, os diretores…
Eu sou professor e todos os anos tenho cerca de 900 alunos. Eles não têm medo de mim, mas me respeitam. Não sou autoritário, mas sou a autoridade em sala de aula. Se um aluno chega atrasado à minha aula eu dou uma bronca mesmo. Mas porque amo. Amo os alunos como se fossem meus filhos. Se você não aprender a não chegar atrasado à escola, no futuro vai acabar chegando atrasado ao trabalho também. E vão descontar do teu salário. E se você se atrasar muitas vezes, será mandado embora, será demitido. O mundo não perdoa. Eu não permito que as meninas assistam aula quando vão vestidas de forma indecente, mas faço isso porque amo. Elas precisam aprender. Aprender a se valorizar. Aprender que cada ambiente na sociedade exige um comportamento distinto, uma forma de vestir diferenciada e que não podem ir para a escola como se estivessem indo à praia.
Posso ser visto como o professor mais chato da escola. Que não deixa fazer nada, que cobra muito e que tem muitas regras a serem cumpridas, mas certamente sou o que mais ama. Pois quem ama cuida. E quem não ama, não está nem aí.
Nós temos que aprender a reconhecer que quando somos corrigidos é por amor e não por maldade. Quem nos corrige, assim o faz, porque quer ver o nosso crescimento, o nosso amadurecimento e não porque ele é mau, é cruel ou sente prazer em corrigir ou punir. E padre Pio nos diz que devemos ser gratos.
Deus é um Pai que ama e por amar assim muito e amiúde, Ele corrige. Ele pune.
Seja grato e beije docemente a mão de Deus, diz padre Pio, pois é a mão de um pai que pune porque lhe quer bem.
É muito fácil louvar a Deus quando tudo vai bem. Difícil é fazê-lo nas tribulações, nas dificuldades. Nas dificuldades costumamos praguejar, reclamar, murmurar, nos queixar para Deus. Ó Senhor, porque estás fazendo isso comigo?
Mas devemos aprender que se estamos passando por uma tribulação é uma espécie de processo de purificação da alma, de crescimento espiritual, de amadurecimento como seres humanos. E Deus nos permite passar por tudo isso, porque nos ama. Porque é um Pai amoroso, bondoso, misericordioso e nos ama tanto que nos pune sempre que assim é necessário.
Portanto façamos como diz padre Pio, sejamos gratos a Deus por todas as tribulações, por todos os sofrimentos, por todas as vezes que ele nos pune, nos corrige, nos modela, e beijemos docemente a Sua mão em sinal de obediência, de respeito e de amor.
Que assim seja, amém.
Rodrigo Hogendoorn Haimann, ofs