Sabemos que toda a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo é mistério, desde a sua encarnação, seu nascimento, sua vida pública, os seus milagres, suas curas, seus exorcismos, sua paixão e morte, sua descida aos infernos, sua ressurreição e ascensão aos céus, tudo isso é mistério da fé. E nossa vida também é um ciclo onde temos momentos que podem se assemelhar mais aos sofrimentos de Cristo e outros que podem se assemelhar mais à sua Glória. Portanto tudo aquilo que fazemos, tudo aquilo que vivemos, todos os momentos bons ou ruins devem ter o sabor de Cristo. Se não tiver o sabor de Cristo terá o sabor do mundo. E se vivemos nos alimentando dos sabores do mundo é porque não somos cristãos e sim mundanos. O cristão é um outro Cristo, por isso conforma a sua vida à vida do seu Senhor. E assim era também Francisco de Assis que imitava em tudo Jesus e tentava cada dia mais se assemelhar a ele, tanto que recebeu em seu próprio corpo as marcas da paixão do Senhor.
Nós sabemos o quanto Francisco era humilde, o quanto ele queria desaparecer para que Cristo fosse louvado e quantas renúncias ele fez. Dessa forma podemos concluir erroneamente que Francisco tenha renunciado a Glória. De fato ele renunciou sim a glória humana, renunciou toda glória que vem dos homens, mas não renunciou a Glória de Cristo, pois do contrário estaria renunciando o próprio Cristo. Francisco viveu o presépio em Greccio, realizou muitas curas em nome do Senhor, expulsou muitos demônios, sofreu a paixão e portanto seria justo e digno que vivesse também a Glória de Jesus, mas não a vanglória que vemos em muitos pregadores dos nossos dias e sim aquela que tem sabor de Cristo. O próprio apóstolo Paulo que também tanto sofreu por amor ao Cristo e afirmava ter um espinho na carne que alguns teólogos afirmam que poderia se tratar de estigmas embora ainda aja muita controvérsia sobre esse assunto, dizia não se gloriar em nada a não ser no próprio Cristo.
E quanto a nós? Em que ou em quem buscamos a glória? Em nossas realizações profissionais, em nossos relacionamentos amorosos, buscamos fama, reconhecimento?
Ou procuramos nos humilhar, procuramos desaparecer para que Cristo seja louvado? Procuramos elogios ou buscamos sofrer as dores da paixão do Senhor nas lutas do dia a dia para um dia finalmente gozar nos céus da Glória de Deus?
Que assim seja, amém. Paz e bem!
Rodrigo Hogendoorn Haimann, ofs