Muitas pessoas não acreditam na existência dos anjos, mas eles existem e formam um exército com cargos e patentes diferenciadas. É o que chamamos de “a milícia celeste”, muito diferente desses anjinhos gnósticos das revistinhas de horóscopo e tarô. Cada um de nós tem o seu anjo da guarda que nos assiste, nos protege, cuida de nós e leva as nossas orações para Deus, uma vez que eles vêem a Deus face a face. Precisamos aprender a orar para o nosso anjo da guarda, não deixá-lo ocioso, dar tarefas à ele e agradecer à ele pelos livramentos. Infelizmente nos esquecemos de nosso anjo da guarda e vivemos como se ele não existisse. São Francisco tinha muita devoção ao seu anjo da guarda, mas não só a ele como a todos os anjos. Como nos lembra Tomás de Celano: “Francisco tinha a maior veneração pelos anjos, que estão conosco no combate e caminham ao nosso lado por entre as sombras da morte. Dizia que esses companheiros devem ser reverenciados em toda parte e que devemos invocá-los como nossos guardas. Ensinava a não ofender sua presença, e que não se devia ousar fazer diante deles o que não se faria diante dos homens”. Os anjos caminham ao nosso lado, estão sempre conosco e nos ajudam principalmente nos momentos mais difíceis. Precisamos aprender a venerá-los e reverenciá-los como fazia nosso seráfico Pai Francisco de Assis e invocá-los como guardas.
Se você é assaltado na rua, por exemplo, logo procura um policial, um guarda. Grita, chama por ele, pede ajuda. Se depositamos nossa confiança em seres humanos, por que não fazemos da mesma forma com os anjos, estes seres puros criados pelo Altíssimo para nos auxiliarem?
Francisco costumava dizer que as coisas que nos envergonhamos de fazer diante dos homens, também deveríamos ter vergonha de fazer na presença dos anjos, pois assim estaríamos ofendendo a sua tão estimada presença. E nosso angélico pai tinha uma devoção toda especial para com São Miguel Arcanjo, o príncipe da milícia celeste. Miguel, aquele que expulsou Lúcifer e seus anjos do paraíso como podemos conferir no livro de apocalipse, capítulo doze. O glorioso São Miguel, “Quem como Deus?”. Aquele que nos defende nos combates. São Miguel é tão importante que algumas seitas pseudoevangélicas acreditam que ele é o próprio Cristo. Mas heresias à parte, o grande arcanjo São Miguel é para nós refúgio contra as maldades e as ciladas do demônio e para ele, o pobrezinho de Assis fazia uma quaresma. Um período de jejum, oração e penitência. A quaresma era feita no monte Alverne e começava no dia quinze de agosto, dia da festa da Assunção da Virgem Maria e ia até o dia vinte e nove de setembro, dia da festa dos santos arcanjos: Rafael, Gabriel e Miguel. Francisco levava para o monte Alverne apenas um ou dois pãezinhos para passar a quaresma inteira e muitas vezes ainda sobrava. Algumas vezes ele passava os quarenta dias sem comer nem beber nada e no último dia comia um pedacinho de pão e tomava um pouquinho de água apenas por humildade para não correr o risco de ser comparado com Nosso Senhor que ficou os quarenta dias no deserto sem beber nem comer nada. Foi em uma dessas quaresmas em honra a São Miguel que nosso angélico pai recebeu os estigmas. As marcas da paixão de Cristo em seus pés, mãos e lado.
Nós franciscanos também somos devotos de São Miguel e fazemos todos os anos uma quaresma em honra deste tão valoroso soldado de Cristo, responsável por receber as almas no juízo. Claro que não somos tão rigoroso como São Francisco, mas rezamos diante da imagem de São Miguel e todos os dias oferecemos um pequeno sacrifício. Que por intercessão de São Francisco de Assis, expulse todos os demônios de nossa vida, o glorioso São Miguel Arcanjo.
Que assim seja, amém. Paz e bem!
Rodrigo Hogendoorn Haimann, ofs