FÉ: É o princípio esperança, o devir, o já é do ainda não, é a dinâmica de acreditar: no Divino, na Vida e nas Pessoas. A fé é ter uma saudade infinita de Deus, uma aproximação rara com o Divino.
FIDELIDADE: É servir à um valor maior. É fiel porque acredita na grandeza da escolha. Quem se entrega à algo muito grande não tem dificuldade em ser fiel.
FRATERNIDADE: Criar laços consanguíneos com uma família espiritual. É a qualidade das nossas relações. A pessoa se define pelas relações qualificadas. A fraternidade ajuda a abrir mão de interesses puramente egoístas.
GENEROSIDADE: É a ação baseada em valores já trabalhados a partir do nascivo, isto é, da boa educação recebida desde o berço e que continua gerando muita disponibilidade. É estar bem preparado para fazer o que deve ser feito com qualidade. Este preparo vem da terra da própria formação pessoal. Com iniciativa faz com muita naturalidade e segurança.
GENTILEZA: Vem de gen, isto é, que tem um bom gen, bem nascido, bem educado, bem criado. Gentil. Que tem boa verve
GRATIDÃO: Capacidade de maravilhar-se diante de tudo que se recebe. Agradecer é reconhecer.
HEROÍSMO: Pessoa que por seu conjunto de valores e virtudes é protagonista de atos que transformam para o melhor vencedor (a) pelas qualidades. Herói é aquele que está dentro do limite e o carrega. É a mística da resistência. Para o herói não há indecisão. A indecisão é o espírito não madurecido para dialogar com a vida.
HUMILDADE: Vem de Húmus. A fecundidade que está no subsolo da vitalidade. A força escondida que faz tudo desabrochar. A capacidade de assumir o próprio tamanho sem aparentar ser maior e nem menor do que se é: é a arte de ser o que se é! É a consistência interna que dá tempo para que tudo fecunde, floresça, desabroche. O humilde se submete a qualquer condição. Tem coragem. A humildade está muito ligada ao mistério de cada um.
ITINERÂNCIA: Vem do latim Iter, isto é, caminho, via percurso. Fazer estrada, dar um passo. Para a mística e para a espiritualidade tudo começa por um passo. “O caminho se faz a andar”.
JUSTIÇA: É a virtude que induz a cumprir o que é devido como exigência de ordem e harmonia. É fazer conscientemente o dever, o cumprimento, é retidão. É a disposição permanente e dinâmica ao bem-valor. É uma retidão em consonância com a verdade.
LEALDADE: É aquele que não se afasta do que realmente vale a pena. É a virtude que traz o companheirismo, dos que caminham juntos na mesma causa.
LONGANIMIDADE ( ou magnanimidade ): Grandeza de alma. “Tudo vale a pena se a alma não é pequena” (Fernando Pessoa). A alma é a força que comanda as emoções do corpo.
MINORIDADE: Renúncia do status de quem tem, pode e sabe. É não apropriar-se do próprio poder, mas conviver com a força de tudo e todos. Não apegar-se ao sistema utilitarista. É renúncia da superioridade. Se o mar não tivesse a coragem de morrer mansamente na praia, não haveria o espetáculo das ondas.
MODÉSTIA: É a ausência de qualquer tipo de vaidade, de narcisismo, de exaltação da pessoalidade ou culta da personalidade .É desambição, despretensão, é uma simplicidade pura.
OBEDIÊNCIA: Vem do latim medieval: ob + audire. Ob significa abertura, acolhida do espírito, abrir todos os sentidos. Audire é auscultar, isto é, ouvir o que vem de dentro. Escutar um Valor Maior. Quem escuta a plenitude dos sentidos não tem dificuldade em obedecer. Obediência, portanto, é escutar uma grande convocação, uma grande inspiração.
PACIÊNCIA: É encontrar o ritmo próprio do respeito. Estar no domínio da própria ansiedade. Descobrir uma sabedoria implícita na hora, no instante. Ser tolerante. É a capacidade de suportar conflitos sem sair dos lugares dos desafios. Não é submissão, mas a coragem de dialogar com situações adversas.
PAZ: Busca da Inteireza. Vem de Shalom (judaísmo) ou Namastê (hinduísmo). A Inteireza do ser é sempre passar o melhor do divino e o melhor do humano que está dentro de si para o outro (a). É a mesma coisa que dizer: “Sê inteiro!”, “Sê inteira!”; deixar-se moldar pelo sagrado e transformar-se em protagonista desta força divina que age dentro: “Senhor, fazei-me instrumento de tua Paz!”
PERSEVERANÇA: É a tenacidade dos que não desistem nunca. É manter o ritmo da persistência na busca para atingir uma meta. Não entregar-se jamais. O heroísmo é feito da persistência daqueles que não param à beira do caminho. É permanecer no sonho. Somente os que acreditam nos sonhos é que chegam à vitória.
PIEDADE: É o modo de ser sensível na arte de relacionar-se. Procurar um relacionamento reto e justo e ser reto e justo em ter soluções para as dores do outro (a). É uma orientação das relações. É um interesse fraterno que visa o melhor. Nos capacita a enxergar e não camuflar a essência do outro(a)
PUREZA DE CORAÇÃO: É o nome que Francisco de Assis dava à Castidade. Puritas vem de fonte. A transparência cristalina do ser. O que jorra naturalmente do coração. O que está no esplendor do natural, a essência da naturalidade (virgindade).
PRAZEROSIDADE: É fazer valer o desejo; a orientação íntima do querer. É escutar mais os desejos. Se escuto os meus desejos, atravesso os medos e atinjo uma identidade pessoal mais tranquila. Desatar nós para que as energias da vida possam circular. O que passa pelo coração se transforma em amor.
PRUDÊNCIA: É a pessoa que age com muita moderação, sem precipitação. Pessoa cautelosa, comedida, atenta e que evita ocasiões de erro. Sensatez
REVERÊNCIA (Ou TEMOR de DEUS): É reconhecer a nossa pequenez diante da grandeza do Criador. Evitar a presunção e o orgulho reconhecendo a grandeza e a bondade de Deus. Esta virtude torna a alma delicada, fiel, respeitosa. (cfr Eclo 2, 7-13). É admiração, encantamento, caminho de reconhecimento da conquista da verdade do Ser e de todos os seres
RESPEITO: Sensibilidade para perceber a verdade do outro (a), sua qualidade, sua tradição, sua bagagem, sua capacidade. Valorizar tudo e a todos. A beleza que você encontra no diferente de você mesmo é sua. É dizer: “A minha alma agradece por ter encontrado você!” . Ser sal da terra: respeitar e ressaltar no outro o gosto do outro.
SABEDORIA: Vem de sabor. O sábio é aquele que sente o gosto de todas as experiências. Vai com sede e fome na busca intensa do que quer. É a arte de saborear a experiência da Vida. Oferece um conhecimento mais saboroso da verdade. É uma afinidade. A via é o paladar (no plano sutil). É ver com os olhos do Bem Amado. É o conhecimento saboroso da verdade. Como diz o Mestre Eckart: “Deus degusta-se nos meus sentidos”.
SEGREDO: Não é contar ou não contar; mas é apreço; isto é, esperar a pessoa certa para revelar. Segredo é comunhão de vida, alma e palavras.
SENSIBILIDADE: É o “sprit de finesse” , isto é, o espírito de plena atenção e cuidado. Colocar todos os sentidos para perceber a vida. Não deixar nada passar despercebido. Afinar o espírito para ver, sentir e exercitar a atenção. O franciscanismo nos ajuda a criar uma estética da sensibilidade, isto é, ter gestos de leveza, delicadeza, sutileza nas atitudes e relações.
SERVIÇAL (a Vassalidade): É servir por Amor. Não é qualquer atividade feita simplesmente por fazer, mas é contribuir com o Criador e seus atos de Cuidado pela vida. É uma ação bem produtiva, bem atenta às necessidades dos outros. Não é uma ação que se faz visando o lucro; mas é estar gratuitamente voltado(a) para as pessoas e para a vida. Não fazer simplesmente por dinheiro, mas por uma causa nobre. Para Francisco de Assis, isto o moveu a servir leprosos, trabalhar com camponeses. Para ele, o serviço faz parte da conversão. O estar junto com determina o lugar social que se quer abraçar e morar. Toda a ação que você faz está na dependência de servir. Você é servo e se faz naturalmente servo. A sua autonomia, liberdade e realização está em servir o Maior. É um modo concreto de viver a Minoridade.
SIMPLICIDADE: É a transparência do Humilde. A simplicidade é a revelação visível do húmus; isto é a emergência do Simples. A simplicidade se apoia numa experiência profunda. O simples é natural.
SOLIDARIEDADE: É a fecundidade social da capacidade de amar. O amor que sai de si e vai de imediato para a necessidade emergente da situação (de algo ou alguém). É não amar por dever, amar pela naturalidade da entrega. Não dar só pão, dar a humanidade junto com o pão. Libertar-se do ideal para trabalhar com o real.
TEMPERANÇA: A virtude que auxilia na arte de controlar e moderar apetites e paixões. Ser sóbrio.
UNIÃO: É a arte de unir pedaços e moldar um mosaico de unidade. A virtude da união é reunir o múnus, isto é, o papel de cada um (a). Unir as diferenças para criar um todo. A diferença é condição para criar a união. Se não houver o diferente, como unir? Se pensarmos tudo igual… não precisamos pensar mais.